Nessa quarta-feira (11) a XIX Marcha a Brasília entra no seu segundo dia com a discussão de inúmeros temas. Ela conta com mais de 4 mil participantes, na sua maioria prefeitos de municípios de todos os estados brasileiros e acontece em meio a agitação porque passa Brasília com a apreciação pelo Senado do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Goiás também marca presença no evento com as participações de dezenas de prefeitos, vices, vereadores e secretários municipais. A Associação Goiana de Municípios (AGM), através de sua diretoria, também tem participação ativa na marcha, através da discussão dos mais variados temas. A entidade montou um stand oferecendo todo o tipo de apoio aos goianos.
O presidente da AGM, Cleudes Bernardes Baré, avalia como positivos os dois primeiros dias do evento. Nessa terça-feira (10), à tarde, ele participou de uma reunião dos presidentes das associações estaduais, coordenada pelo vice-presidente da CNM, Glademir Aroldi, ocasião em que vários participantes abordaram temas diferentes e todos relacionados com as dificuldades enfrentadas pelos municípios. Aroldi lembrou que, sem o apoio do Congresso Nacional, é impossível qualquer avanço na pauta municipalista, lembrando que os parlamentares haviam se comprometido com a realização de uma semana especial dedicada à votação de matérias de interesse dos Municípios. Porém, essa reivindicação não foi atendida ainda, em virtude da atual conjuntura política do País. Dentre os assuntos abordados está o desequilíbrio financeiro com a obrigatoriedade de cumprimento dos pisos salariais, mas sem uma fonte adequada de financiamento. Critica também a atual distância que existe entre o governo federal e os Entes Federados. Daí a necessidade de mudanças no atual modelo do Pacto Federativo.
Cleudes Baré defendeu um maior engajamento dos prefeitos na luta municipalista e uma atuação mais enérgica junto aos entes federados. ?A solução para a atual crise enfrentada pelos municípios passa pela demonstração de força que nós prefeitos possuímos?.
Participação Goiana
Como convidado especial o governador Marconi Perillo, coordenador do Fórum de Governadores do Centro-Oeste, participa da marcha no final da tarde dessa quarta-feira. Marconi já demonstrou ser municipalista e preocupado com a atual situação por que passam os municípios brasileiros. Também participa da marcha a deputada goiana Flávia Morais, do PDT. Todos os integrantes da bancada federal goiana, sendo 17 deputados federais e 3 senadores, foram convidados para o evento.
Crise fiscal
A XIX Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios promoveu nesta terça-feira, 10 de maio, uma arena temática para dar um panorama da situação fiscal do país aos gestores municipais. Com o nome A Crise Fiscal Brasileira, o tema foi abordado pelo pesquisador do Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada (Ipea) Sérgio Gobetti e pelo presidente do Instituto Democracia Ativa, José Alves Filho.
Primeiro a fazer exposição, Gobetti iniciou sua apresentação ao indagar o que provocou a tão falada crise econômica que o país enfrenta atualmente. Segundo ele, uma das causas da situação corrente é a crise fiscal, a qual já se arrasta ao longo de vários anos.
O especialista seguiu explicando que ela se levanta em cima de dois pilares, o estrutural e o conjuntural. O primeiro diz respeito ao orçamento da União, disputado por grupos de interesses diversos, a um modelo federativo competitivo entre os entes e idiossincrasias brasileiras, como as taxas de juros. O resultado da crise estrutural é um país com entes federados desunidos e em prejuízo. ?O país é incapaz de discutir o que de fato é o melhor a ser feito?, afirmou.
Já a questão conjuntural compreende uma desaceleração recente da economia, principalmente nos anos de 2015 e 2014. ?Temos um processo histórico em que o gasto público cresce mais que o PIB. Obviamente isso não é sustentado por muito tempo?, disse Gobetti.
11 maio 2016 em AGM