De sete em sete anos ocorre um surto cíclico de febre amarela no país, como o que está sendo verificado no momento em alguns estados brasileiros. A situação é considerada mais grave em Minas Gerais, estado que possui uma extensa área de fronteira com Goiás. Essa semana foi registrado um caso suspeito no Distrito Federal, embora o paciente tenha contraído a doença em outro estado. Em Goiás não há registro da doença nesse ano, mas devido a sua posição geográfica as populações de muitos municípios demonstram-se preocupadas com a situação.
A única maneira de se evitar a doença, que pode levar o paciente ao óbito, é através da vacinação. Em Itumbiara, sul do estado, a procura da população pela imunização aumentou muito nos últimos dias ao ponto de que o estoque de vacinas para todo o mês de janeiro já estar se esgotando.
A Secretaria Estadual da Saúde (SES-GO) vem adotando medidas preventivas desde o ano de 2014 e alerta a população quanto a importância da vacinação que deve ocorrer de forma normal, sem motivos para pânico, principalmente para as pessoas que pretendem viajar para as chamadas áreas de risco.
Entretanto, a secretaria faz um alerta aos municípios para que não descuidem da vacinação, disponibilizando e mantendo estoques da vacina na rede de saúde. Ao que tudo indica todos eles estão abastecidos. Caso em contrário basta que a prefeitura faça um pedido a SES-GO a qual, imediatamente, se compromete em solicitar um reforço de vacinas junto ao Ministério da Saúde.
Também se sugere que as Secretarias Municipais de Saúde façam campanhas informativas e de conscientização da população quanto a importância da vacinação de rotina e fiquem atentas quanto ao surgimento de possíveis casos.
No ano passado em Goiás foram registradas três mortes devido a febre amarela nos municípios de Goiânia, Senador Canedo e São Luiz de Montes Belos. Mas foram considerados casos autóctones, ou seja, os pacientes contraíram a doença fora do estado ou até do país. Em 2015 foram 6 casos nos municípios de São Miguel do Araguaia, Niquelândia, Alexânia, Alto Paraíso e Cumarí.
O que é a Febre Amarela
A Febre Amarela é uma doença infecciosa aguda, não contagiosa, de natureza viral, que se mantém endêmica ou enzoótica nas regiões tropicais da América do Sul, Central e da África
No Brasil, a doença tem caráter sazonal, ocorrendo mais frequentemente entre os meses de dezembro a abril, quando fatores ambientais (tais como maior precipitação e temperatura) propiciam o aumento da abundância dos vetores. O vírus da febre se mantém por meio de dois ciclos básicos: o urbano e o silvestre.
Atualmente, são conhecidos dois ciclos de transmissão do vírus: um urbano, do tipo homem-mosquito-homem, no qual o Aedes Aegypti é o principal vetor; e outro silvestre, complexo, no qual diferentes espécies de mosquitos (Haemagogus spp. e Sabethes spp.) atuam como vetores e Primatas Não Humanos (PNH) participam como hospedeiros.
As primeiras manifestações da doença são repentinas, com duração de cerca de três dias. Neste período surgem febre alta e pulso lento em relação à temperatura (sinal de Faget), calafrios, prostração, cefaléia, mialgia, náuseas e vômitos. A forma mais grave da FA é rara e geralmente aparece após intermitente sensação de bem-estar, quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia, manifestações hemorrágicas e prostração intensa. A vacinação é a mais importante medida de controle.
No Estado de Goiás, no ano de 2015 foram confirmados, seis casos humanos de Febre Amarela (FA). A investigação revelou que todos os casos não eram vacinados e se expuseram em áreas silvestres em Alto Paraíso de Goiás, Niquelândia, distrito de Luiz Alves em São Miguel do Araguaia, Alexânia e Cumari, sendo estes os Locais Prováveis de Infecção (LPI?s). Dois dos casos evoluíram favoravelmente, com melhora clínica e alta e os outros quatro foram a óbito (letalidade 67%). No ano de 2016 foram confirmados três casos, sendo os mesmos em áreas silvestres dos municípios de São Luis de Montes Belos, Senador Canêdo e Goiânia. Estes três casos evoluíram para óbito (letalidade 100%).
O Ministério da Saúde recomenda a vacinação contra a febre amarela em áreas consideradas de risco. Devido às notificações de epizootias, população não vacinada em áreas consideradas sem risco, casos de febre amarela silvestre, entre outros fatores, permanece o risco de reintrodução da doença no ciclo urbano. De acordo com o novo esquema de vacinação, a primeira dose deverá ser aplicada aos 9 meses de idade e posteriormente, uma dose de reforço deverá ser administrada aos 4 anos de idade, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.
20 jan 2017 em AGM