Em meio às comemorações e homenagens no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, um momento de reflexão e de renovação dos compromissos com a luta pela igualdade de direitos e de oportunidades na sociedade. É de conhecimento de todos a competência, a dedicação e o grande potencial da mulher, capaz de superar os homens. Entretanto, não se explica (e não se justifica) o alto grau de desigualdade ainda existente.
A cada dia que passa a mulher obtém mais avanços em sua luta, mas num ritmo bem aquém do ideal. Na história política do Brasil somente agora uma mulher chegou ao posto de Presidente da República, com Dilma Rousseff. Nas Câmaras Municipais, prefeituras, Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional o índice de participação ainda é muito baixo. No trabalho, a ocupação de vagas de crescido, mas predomina o desnível salarial. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
História
No dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. Mas o fato não só marcou a história, como também deu início a uma grande luta em todo o mundo.
Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Política
Pode se dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.
Mas a participação das mulheres, exercendo mandatos ainda é pequena. Como já dissemos, só agora ela chegou a Presidência da República.
No Congresso Nacional (Câmara Federal e Senado) com um total de 594 cadeiras, apenas 16% são ocupadas por mulheres. A bancada feminina goiana é formada pelas deputadas Flávia Morais e Magda Mofato e a senadora Lúcia Vânia. A bancada é composta por 17 deputados (as). E vale lembrar que hoje 51% da população brasileira é formada por mulheres. O mesmo ocorrendo com o número de eleitoras.
Na Assembleia Legislativa de Goiás, das 41 cadeiras, apenas três delas são ocupadas por mulheres: deputadas Adriana Accorsi, Eliane Pinheiro e Isaura Lemos. Na Câmara Municipal de Goiânia, com 35 cadeiras, hoje são apenas 4 vereadoras. Já nos municípios goianos a situação não é diferente. Dos 246 municípios, apenas 25 são administrados por prefeitas.
Para tanto, tenta se garantir as participações das mulheres nos poderes legislativos. Tramita no Congresso Nacional, aguardando a segunda votação no Senado, um projeto de lei de autoria da senadora Lúcia Vânia o qual garante cotas para a participação feminina. De acordo com a proposta seriam destinadas nas câmaras, assembleias legislativas e no Congresso Nacional 10% das cadeiras no primeiro ano. No segundo ano esse percentual aumentaria para 11% e de 13% no terceiro ano. Mas a matéria encontra resistências para ser aprovada.
Trabalho
A desigualdade entre a mulher e o homem é facilmente comprovada no mercado de trabalho. A começar pelas dificuldades de ocupação de espaços nas empresas. A diferença de salários para a mesma função e graduação é grande. A mulher branca recebe 36% a menos de salário do que o homem enquanto que a mulher negra a diferença é muito maior e chega a 300%.
Violência
Esse é um grave problema enfrentado pelas mulheres e os números já dizem tudo. Segundo a Organização Mundial de Saúde em pesquisa recentemente publicada, a cada 15 segundos uma mulher é agredida no planeta. Dos 84 países pesquisados pela organização, o Brasil é o 5º colocado na violência contra a mulher. E mais: 17 mulheres são assassinadas por dia no Brasil.
Em Goiás, de acordo com dados levantados pelo CEVAM ? Centro de Valorização da Mulher ? junto aos órgãos de segurança pública, nos últimos 3 anos no Estado 17 mil mulheres sofreram violência doméstica e 622 delas foram assassinadas. Foram 2.800 casos de estupros e 19 mil de espancamentos.