Nesta quinta-feira (1º) celebra-se o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Realizada anualmente, a campanha tem como objetivo conscientizar sobre a importância de prevenção da doença, além de combater o preconceito diante das pessoas portadoras do vírus HIV. Para este ano, a boa notícia é que o número de transmissões da doença de mãe para filho diminuiu 36%, o que significa que, em 2015, foram 2,5 casos da doença entre crianças menores de cinco anos a cada 100 mil habitantes. Em 2010, eram 3,9 casos por 100 mil habitantes. A taxa em crianças dessa faixa etária é usada como indicador para monitoramento da transmissão vertical do HIV.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Ministério da Saúde. Para incentivar os municípios no combate à transmissão durante a gestação ou no parto, o órgão vai emitir a Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical do HIV. O documento será concedido a municípios com mais de 100 mil habitantes que atendam a dois critérios. O primeiro é registrar taxas de detecção iguais ou inferiores a 0,3 para cada mil crianças nascidas vivas. O segundo é ter proporção menor ou igual a 2% de crianças com até 18 meses expostas ao HIV que foram identificadas como infectadas e estão em acompanhamento na rede pública.
A certificação será avaliada por um comitê nacional que fará a verificação dos parâmetros. Ao todo, 1.952 municípios estão elegíveis. Ainda segundo o Ministério da Saúde, 827 mil pessoas vivem com HIV/aids no país. Outro dado expressivo que consta no novo Boletim é a queda 42,3% na mortalidade em 20 anos. O incentivo ao diagnóstico e ao início precoce do tratamento, antes mesmo do surgimento dos primeiros sintomas da doença, refletiram na redução dessas mortes. A taxa caiu de 9,7 óbitos por 100 mil habitantes, em 1995, para 5,6 óbitos por 100 mil habitantes em 2015.
De acordo com o órgão, a epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de detecção em torno de 19,1 casos, a cada 100 mil habitantes. Isso representa cerca de 41,1 mil casos novos ao ano. Desde o início da epidemia de aids no Brasil (em 1980) até o final de 2015, foram registradas 827 mil pessoas que vivem com HIV e aids. Desse total, 372 ainda não estão em tratamento, e, destas, 260 já sabem que estão infectadas. Além disso, 112 mil pessoas têm o vírus HIV e não sabem.
?Inserir essas pessoas nos serviços de saúde, por meio da testagem e do início imediato do tratamento, é a prioridade do ministério?, afirmou o ministro Ricardo Barros. ?Dessa forma, estaremos impactando diretamente epidemia, pois vamos reduzir a circulação do vírus entre a população?, acrescentou.
Mudança de perfil
A epidemia tem se concentrado principalmente, entre populações vulneráveis e nos mais jovens. Os dados mostram uma mudança. Enquanto que em 2006, a razão entre os sexos era 1,0 caso em mulher para cada 1,2 casos em homem, em 2015, é de 1 caso em mulher para cada 3 casos em homens.
Além disso, os casos em mulheres tem apresentado queda em todas as faixas, em especial, na faixa de 25 a 29 anos. Em 2005, eram 32 casos por 100 mil habitantes. Em 2015, esse número foi de 16 casos por 100 mil habitantes. Já entre os jovens do sexo masculino, a infecção cresce em todas as faixas etárias. Entre jovens de 20 a 24, por exemplo, a taxa de detecção subiu de 16,2 casos por 100 mil habitantes, em 2005, para 33,1 casos em 2015.
Para a diretora do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken, essa vulnerabilidade pode ser explicada por várias hipóteses, como o fato dos jovens não frequentarem os serviços de saúde e a própria negação de sua condição do soropositivos. A diretora também ressaltou a necessidade de criar formas inovadoras de comunicação com esse público, como a maior interação nas redes sociais.
Uma das principais ações nesse sentido é a chamada ?prevenção combinada?, que oferece um cardápio de alternativas que vão muito além do uso do preservativo masculino (e feminino). Dentre as ofertas, estão a Profilaxia Pós-Exposição (PEP), por exemplo ? uma terapia antirretroviral de 28 dias para evitar a multiplicação do HIV no organismo de uma pessoa após sua exposição ao vírus ?, está disponível em serviços de saúde de todo o país. Já a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), administrada antes da exposição ao HIV, está em fase final de estudos no Brasil, prometendo integrar o menu de opções de prevenção, oferecidas aos brasileiros pelo SUS.
Condomínio Solidariedade celebra a data
Em Goiás, o Dia Mundial de Luta Contra a Aids será celebrado no Condomínio Solidariedade, unidade referência no apoio ao portador do vírus HIV. Na ocasião, será realizado o 1º Encontro do Condomínio Solidariedade no Dia Mundial de Luta Contra a Aids: Desafios para as Novas Tendências da Infecção HIV. O encontro acontece a partir das 8 horas, na Avenida Veneza, no Jardim Europa, em Goiânia e reunirá representantes de vários Grupos e Instituições ligadas à causa da Aids no Estado.
Na programação estão apresentações culturais, palestras de médicos infectologistas, discussões jurídicas dos direitos do portador, oficinas de compartilhamento de experiências, coffee break, almoço e sorteio de prêmios. Diferentemente de outras datas do ano, como carnaval por exemplo, o foco do evento não é trabalhar apenas a prevenção da doença, mas sim, todos os aspectos que contribuem para a melhoria da vida pessoal e profissional das pessoas que vivem e convivem com HIV/AIDS.